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junho 23, 2012

A influência global de Nick Wooster

Eu sei que você andava a contar os dias até eu publicar um post sobre o Nick Wooster. Nos dias que correm não existe blogue de estilo masculino que não o mencione ou não o tenha referenciado como um semi-Deus. Este americano baixo e com ar de rúfia é seguramente o homem mais influente da blogosfera de estilo. E nos dias de hoje isso quer dizer do estilo de forma global. O uso da palavra estilo em vez de moda não é inocente. Não tenho particular interesse por moda mas desenvolverei o tema noutro post. Voltando a este creio que uma tendência que se acentua cada vez mais é o estilo ser ditado na net o que acho de salutar. É a democratização e a humanização do gosto. O Nick Wooster é o rei deste fenómeno e merecidamente.




Pessoalmente divido claramente o estilo do Nick Wooster em duas zonas, abaixo e acima da cintura. Na zona inferior acho-o mediano, na superior magistral. Acho que ele usa as calças demasiado curtas e largas que lhe acentuam a sua baixa estatura. Às vezes opta por aquelas calças com caveirinhas ou tubarões que sinceramente não consigo achar piada nenhuma. Quanto aos sapatos gosta deles bojudos e pouco delicados e tem predilecção por Longwings que é um género de que não gosto.


Já acima do cinto existem poucas fotos em que não esteja perfeito. Nessa zona é para mim o homem mais bem vestido do mundo. Começa pela irresistível conjugação de tecidos clássicos (tweed e herringbone) com cortes slim. As cores são normalmente sóbrias, clássicas e sem brilho. Azuis e rosas pálidos nas camisas. Cinzas, azuis escuros e castanhos nos casacos e gravatas. O homem tem swag. Não veste aquelas roupas flashy e assexuadas que vemos nos desfiles de moda. Tem estilo. É masculino. Veste-se à homem.




Daquilo que o caracteriza (já mencionei as calças curtas ou os brogue longwing) destaco as três que mais lhe admiro:


1. O padrão camuflado que ele sabe integrar e conjugar como ninguém (ver primeira foto).


2. O pendant casaco/gravata que acho genial (ver primeira e segunda foto).


3. O pendant camisa gravata de que gosto moderadamente (ver última foto).




Infelizmente não basta apenas o gosto e a visão. É preciso alfaiataria para vestir assim. Ou não! Se calhar talvez venham a haver boas novidades em breve. Alguém reparou na farda dos rapazes da Zara este ano? Andavam de camisa e gravata vichy azuis iguais, numa nítida inspiração Wooster. Não somos só nós que percorremos  a blogosfera. Os designers da marca espanhola também. Aliás, não é por mero acaso que é a marca de roupa mais vendida no mundo. 


Da primeira vez que vi perguntei a um deles se existia para venda sabendo que era só para o staff. Mas desconfio que a marca o tenha feito para sondar viabilidade comercial e não custa deixar opinião. Não vou apostar mas desconfio que na próxima época a Zara terá alguns conjuntos camisa/gravata vichy. Quanto a mim tenho mais expectativa de um conjunto blazer/gravata mais upmarket feito pela Massimo Dutti.


Se algum responsável por uma marca portuguesa lê o blogue fica aqui o meu conselho: Aposte em acessórios camuflados e nuns conjuntos camisa/gravata em tons sóbrios. O fenómeno Wooster em breve chegará às ruas.

6 comentários:

  1. Eu já falei sobre ele no meu blogue. Ele tem pinta, isso ninguém pode dizer.
    E na minha opinião os homens que melhor se vestem é o Nick e o Brad goreski, mas claro, são estilos opostos. Mas não deixo de gostar de nenhum dos dois..

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  2. Meu caro Bruno, não quero ser desmancha prazeres ou sequer estar sempre a contrariar, mas acho terrível o gosto do homem, e não quero saber se as revistas da moda o elegem (alíás, só é considerado pelas americanas, como seria de esperar). Como já disse, repito que acho abominável o estilo camuflado, que estou em crer que saiu da mente de um lunático americano - pois quem mais, para aparecer com esse look bélico - a que alguém achou fantástico.
    Para mim, os homens mais bem vestidos do mundo são o Príncipe Carlos de Inglaterra, o Luciano Barbera, e num estilo mais moderno, o Rubbinacci neto. Há mais alguns, italianos uns, ingleses outros, mas ficam estes como exemplo, mas de certeza que esse não faz parte das minhas simpatias.
    Quanto à Zara, já sabes o que penso: têm meia dúzia de "espiões" que vão ver as passagens de modelos a Paris, Londres e Nova Iorque, e depois copiam aqueles modelos que pensam venderão melhor, fazem-lhes uma ou outra alteração para que não possam ser processados por prática de contra facção, e aí vai disto. E claro, vendem muito: as peças são baratas, e eles aproveitam-se do mercado e dos baixos salários auferidos em Portugal, Espanha e América do Sul. Noutros países vendem muito pouco.
    No Japão, por exemplo, um dos países mais abertos a novas tendências, em média cada japonês tem no banco uma conta com 132.000$. A Zara lá não vende uma peça. Porque será?

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  3. Esqueci-me só de acrescentar um pormenor: aquela coisa de não apertar os botões do colarinho é das tais originalidades que considero tão imbecis como a de por o relógio por cima do punho da camisa, e só se consideram originalidades porque é feito por tipos que são considerados muito in (e Agnelli sem dúvida que era um ícone da moda). Fosse eu, e toda a gente me alertaria para o esquecimento, ou o consideraria desleixo.

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  4. Engraçado que ia comentar a questao dos botões como o Vic. Mas, no meu entender, e talvez pela minha profissão, acho que funciona em certos momentos, situações ou conjuntos, nao tenho uma opinião muito vincada e de desapreço como o Vic.

    No que ao Nick diz respeito, é um estilo que funciona nele. Eu gosto de quase tudo, inclusive das calas mais curtas. Ainda que sim, possa ter esse efeito de o fazer parecer mais baixo. Mas, e aí também nao concordo contigo, quando nuns posts abaixo falaste do cumprimento ideal. Eu, acho que depende em muito das calcas e do próprio conjunto. Claro que nao se deve cair em exageros.

    Gosto muito das combinações que ele faz e que apontaste como a próxima it thing em zaras e outras a like, ainda que seja daquelas coisas que goste de ver, aprecio, mas nao visto. Talvez porque use fato 5 dias em 7, ou simplesmente porque o meu estilo, se assim se poder dizer, é outro. E nisso, no estilo, qual é o certo, correcto?

    Uma outra coisa, por fim, concordo perfeitamente quando lanças umas indirectas no que à moda masculina diz respeito, ela tem de ser isso mesmo: masculina, viril mesmo,

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    1. E, como já disse, não gosto do estilo do homem. Além de se afastar muito do meu gosto, não aprecio o estilo. É o que eu chamo estilo matarruano.
      Quanto às calças curtas - além de ter que se ter em conta os sapatos que se usam - acho que só resultam em tipos magros, coisa que o Nick não é: é baixo e atarracado.
      Quanto à moda masculina ser...masculina, o que é que pode tornar menos masculina ou viril? Eu acho que isso depende mais de quem veste o quê, a não ser que se fale em tipos género Castelo Branco, ou assim. Mas realmente, gostava de ter uma resposta para isso, sendo que há uns anos atrás, por exemplo, um homem usar camisas rosa (e como o Bruno diz, o Nickusa-as muito) era considerado efeminado.

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  5. Goste-se ou não o homem gera amores e ódios, estes comentários são elucidativos.

    Em relação aos botões desapertados, estes dos bicos do colarinho não gosto particularmente de ver mas, como disse o E, no conjunto certo gosto de ver gravata com botão do colarinho desabotoado, mangas de blazer arregaçadas. Eu sei que a fronteira entre descontracção e desmazelo às vezes é ténue.

    Quanto à roupa assexuada, falo daquelas aberrações que vemos muitas vezes em desfiles de moda. Bermudas que parecem saias, camisas com apliques metálicos, sandálias, etc.

    O Nick Wooster usa roupa indiscutivelmente masculina, blazers de corte clássico, sapatos brogue, gravatas. E uma coisa que gosto muito nele: não usa tecidos brilhantes que é algo que não gosto de ver em homens. Até o alfinete de gravata nestas fotos parece ter um acabamento escovado sem brilho.

    O gosto, no fim de contas, é pessoal e nem todos gostarão do estilo Wooster. Eu reconheço-lhe grande coerência. E acima de tudo ele consegue vestir-se muito bem e sobressair mantendo-se dentro de uma baliza de sobriedade e discrição.

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